sábado, 5 de junho de 2010

a história das rugas

Olhou-se no espelho. Observou bem. Fazia tempo que não se percebia assim. Viu que na pele algumas marcas da idade não se desfaziam mais com os movimentos.

A idade estava ficando ali, estampada.

Por um momento se sentiu menos bonita. Pensou nas novas técnicas: uma injeção de algum líquido milagroso que poderia ser financiado em 10X no cartão de crédito seria capaz de resolver o problema.

Mas pensando bem isso não era muito de seu feitio. Ela, que até então teria dado tanto valor às coisas orgânicas. Aos frutos orgânicos, aos relacionamentos orgânicos, às culturas orgânicas.

Nessa inércia de movimentar os músculos do rosto na frente do espelho, se deu conta de que suas rugas marcavam o movimento de seu sorriso.Não eram rugas que marcavam seus momentos de raiva, nem de preocupação...

Suas rugas estampavam a alegria que tinha tido.

E sorriu ainda mais, e se entendeu bonita.

Um comentário:

Marina Guyot disse...

nada como ter sua história escrita no corpo...
acho que esse é o real livro da nossa vida
adorei o texto