quinta-feira, 19 de novembro de 2009

a estranha mania de ter fé na vida

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....



Quando foi? Uma pouco mais de uma semana atrás eu vi no site do consulado brasileiro de Nova York que o Milton Nascimento viria pra cá para cantar no Carnegie Hall. Sem pensar duas vezes comprei o ingresso para ver duas coisas que sempre quis muito ver: o Milton cantando e o Carnegie Hall.

O show foi ontem e hoje eu estou com aquela sensação de quem tomou uma anestesia, parece que o show se perdeu no tempo e no espaço e que eu vou ficar por um bom tempo com essa ressaca, e com essa forma inédita de escutar cada frase das músicas dele a partir de agora...

Me disseram uma vez que se Deus tivesse uma voz essa seria a do Milton Nascimento e eu, agora nessa espécie de “transe”, tenho que concordar com isso...até porque quando eu penso em Deus eu penso em algo bem simples... e o Milton dedica vida dele para espalhar simplicidade pelo mundo.

Ele cantou músicas do tipo que todo mundo sabia cantar e o lugar estava lotado de brasileiros... ahh que delícia, no meio do show a brasileirada perdendo a linha e gritando lá de cima “te amo Miltooooon”, “toca canção da amééééérica”- que se foda que a gente tava no Carnegie Hall não é mesmo? Os americanos mesmo que surpresos olhavam com simpatia e o Milton já andando devagar por conta da idade voltava para tocar um “mais um, mais um, mais um”

O show foi um coringa para minha fase de agora...aquela fase que é: quase fim de intercâmbio, perto de dar um próximo passo que não tenho idéia de qual vai ser, mini-surtando com as questões financeiras e todas aquelas coisas que pessoas de 22 anos da minha faixa social se preocupam... nesse meio tempo o coringa dá as caras em uma noite de quarta-feira, toma a minha atenção para o palco, com o Milton cantando nele e começa um insight aqui dentro...

“vou me encontrar longe do meu lugar,
eu caçador de mim,
vou descobrir o que me faz sentir,
eu caçador de mim.”

E como é bom ser lembrada dessas coisas que devem estar sempre dentro da gente. Eu só queria agradecer.