quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Se eu falar para você que preciso ter uma conversa

E que essa conversa diz que eu não queria estar aqui agora

mas nós sabemos que você está aqui agora

você com isso deve achar que não está sendo o suficiente pra mim

Mas talvez ninguém seja suficiente o bastante pra ninguém

E se eu puder conversar isso com você

Eu vou me sentir tão honesta, tão sincera, tão aqui neste momento

Que é como se a gente tivesse um pacto

E em segundos é capaz que toda essa situação se torne o bastante

E você, a quem eu acabei de magoar com esse assunto,

Vai ser a pessoa mais importante pra mim agora.


Por que eu preciso desses pactos malucos?

do cansaço

Eu pareço cansada, e talvez não somente pareça. Eu preciso de descanço mas a minha vontade mesmo é de correr, sair correndo agora, no meio da madrugada, na escuridão do jardim. Talvez seja disso que eu precise, de um medo real, de um medo de fantasma. Eu não preciso e nem quero mais esse medo de futuro, medo do que vai ser. Esse medo não muda nada, tudo vai acontecer com ou sem ele. Que inútil tudo isso. Tenho me prestado às coisas inúteis, algumas delas me fazem até feliz, como organizar flores de acordo com as suas cores - a mais inútil das tarefas inúteis- realizada a tarefa, me peguei parada admirando os vasos e o degradê de cores, eram mais de trezentas flores! Flores que vão enfeitar cômodos de uma mansão mal-visitada por no máximo uma semana para enfim se mostrarem mortas.

Essa nossa triste mania de colocar enfeites perecíveis na nossa vida.
Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.

Gandhi

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

a velha nova

tem gente antiga que sente o joelho doer e prevê: hoje chove.

e existem tantos outros jeitos malucos para prever o clima que a maioria é até difícil de acreditar..mas ontem, ontem me apareceu uma velhinha e nós estávamos conversando um assunto que parecia não acabar nunca até que passou assim um avião bem baixinho no céu fazendo um barulho estrondoso que interrompeu a conversa e ela disse:

- quando eles voam baixinho assim e naquela direção, é sinal que vai chover...

e não é que choveu?
caramba que jeito mais moderno.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Carolina em português

“Eu sou um caboco feliz
Se eu nascesse de novo, queria ser o mesmo Mané Luiz
Se eu nascesse de novo e pudesse escolher
Mais do que eu sou eu não queira ser
Eu queria nascer na Fazenda Caiçara
Em Exu, Pernambuco, mesmo na divisinha com o Ceará
E por isso que eu costumo dizer
Que uma banda minha é pernambucana
E a outra é cearense
Quando eu ficasse taludinho assim
Eu queria comprar uma sanfona pra ajudar meu pai lá nos forró
Eu queria ser filho de Januário e Santana
Mais do que sou eu não queria ser não senhor”
Luiz Gonzaga



Eu não vejo a hora de falar, falar, falar... em português!

O mesmo bom e velho português para a família e para os amigos cheio de admirações, sapequice e saudade... para os namoricos um outro português será inventado, com energia suficiente para ser original. Também para os negócios e jogos e sorte quem sabe...depois dessa gravidez intercultural (somente uma referência aos nove meses), vou certamente falar um português diferente com a vida.

E que saudade de falar as palavras e suas derivações mais malucas e neoplásmicas (será que neoplásmicas existe?) como ao invés de dizer somente “bonito”, dizer : “olha que bonitito”, “que bonitoca”, “que bonituto” e todo mundo entender.

Aqui eu tenho ensinado palavras muito importantes do nosso vocabulário para os gringos, como: guarda-luvas, oi, fedidinha, conchinha, saudade (claro) e até mesmo frases elaboradas como “por que você está tão caído?” , e eu tenho que admitir... os americanos são umas gracinhas tentando falar português. As meninas da Indonésia pegam qualquer palavra no ato, isso por que a pronúncia do português e do “indonesiano” é bastante parecida, as nossas vogais são pronunciadas da mesma maneira “a-e-i-o-u”, não “ei-i-ai-ou-iu” dos americanos. Na verdade a Febri e a Putri são as únicas que me chamam de “Carolina”, com os americanos é tudo na base do “Carôulína” ou “Carôuláina”, mas mesmo com essa pronúncia americana esquisita do meu nome, aqui eu comecei a gostar muito mais dele. Quando eu me apresento muita gente diz “mas que nome mais bonito” e eu penso “graças as bonecas de milho da minha mãe” e ao meu pai que decidiu de última hora atender as vontades dela e não me nomear Camila. Cara, acho que eu odiaria ser Camila. E aqui nos States as Carolinas não são tão comuns quanto são no Brasil; No Brasil as Carolinas são a nova geração de Marias, quem nunca estudou com uma? Sendo mais raro, aqui meu nome passa a parecer mais bonito, e meus amigos me olham torto quando eu me apresento somente como Carol (ou Quérôl), eles falam que eu devo usar mais inteiramente desse nome bonito, e eu vou mesmo.

A Carolina que já foi: krolzinha, k’zinha, que esticou virou Carol, foi pra faculdade ficou entre Carol e PV agora volta do intercâmbio como Carolina mesmo. Na maior das derivações pode sair um “Carulina”, que é o sotaque mineiro que eu adoro.

E se eu nascesse de novo e pudesse escolher...mais do que sou não queria ser.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Neve

Se tem uma coisa que me irrita lá no fundo é quando um brasileiro pergunta com aquele ar de surpresa para outro brasileiro:

“Como assim você nunca viu neve???”

Pô é claro que não! Eu sou brasileira cacete, ou você acha que agora tá assim, todo mundo fazendo viagens internacionais para esquiar com os amigos? Nem se nevasse em Campos do Jordão era capaz que eu já tivesse visto. Esse povo tem que se tocar né, moramos no Brasil, um país tropical com mais ou menos 5.000 kilômetros de praias e tem brasileiro que nunca viu o mar!

Tem gente que esquece que coisas como “ver neve, ver o mar, tirar férias”é um privilégio de poucos, eu sinto pena dessas pessoas que são privilegiadas e não sabem que são...

Essas pessoas tem dinheiro para ir ver a AURORA BOREAL enquanto tomam um uísque sentados em seu barquinho... e lá no ártico, nesse momento enquanto conversam, falam da idade do uísque, do batismo do barco.

as plantas e as estações

As plantas do verão eram altas, magras, com folhas verdes claras, cheias de luz e sede pelo vento e por água, suas pétalas eram saiotes sapecas de quem vai tomar um sorvete em uma tarde de calor . As plantas do outono, que recebo agora, são de um verde escuro criado não com outro objetivo senão para se transformar no laranja-marrom dessa estação. Agora elas parecem estarem encolhidinhas como quem se protege do sereno.

Eram mocinhas no verão, e são senhorinhas no outono.

asdicas

Eu peguei suas dicas só por que você queria muito dar. Eu não gosto delas, não gosto dos lugares que você gosta, nunca gostei. Só ía porque te amava.

silicone

- Fala nega e aí, como tá?

- Tudo tranquilo, e com você querida? Que saudades!

- Tô bem também! e aí alguma novidade?

- Nada, e você?

- Ah, o de sempre, trabalhando muito, aproveitando muito...

- Legal...ow, você não sabe...!

- O quê, o quê?

- Coloquei silicone no peito faz sete dias!!Tô maior peituda agora!!

- Queeeee???Como assim??haha você tá de brincadeira né?

- Tô nada meu, precisa ver tá super bonito agora, e fiz com um médico conhecido lá da minha cidade, a enfermeira dele tomou conta de mim durante o pós-cirurgico e tudo. Meus pais não íam concordar nunca se eu contasse antes, então eu fui lá fiz a cirurgia e cheguei em casa peituda!

- (rindo rindo) Ow eu não tô acreditando, mas não é super caro? Não dói pra caramba?

- Nossa foi uma nota! Mas já queria há muito tempo então tava economizando...e doer dói, mas só nos primeiros dias.

- Caramba, quero ver como ficou!

- haha eu te mostro! Eu sou meio doida né?coloco uma idéia na cabeça e não tem quem tire!

- Você é muito doida. Adoro gente doida.

pessoas para uma noite

Tem pessoas que aparecem na sua vida por uma noite, pra te mostrar um blues e te fazer feliz. Pra pedir um o isqueiro emprestado e dar risada.

Quando você conhece gente, você conhece junto outros universos e às vezes, nesses universos você encontra um detalhezinho que você queria muito pra sua vida. E então você muda um pouco, simples assim.

E você vai ter então a história de uma boa noite e de uma boa pessoa e as frases intrigantes que ela disse pra contar pro resto da sua vida.

suas espiadas

Interessante que você ainda venha aqui para ver como estou, para ler o que eu tenho escrito...
e se você quiser saber isso não me incomoda nem um pouco, pode vir.

...

Mas não há o que me faça discordar que isso me diz muito sobre você...mesmo que você queira eventualmente negar isso para mim, negar para você mesma.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Com o passar do tempo tudo parece ficar cada vez mais interessante para mim e por íncrivel que pareça isso está se tornando um problema. Se tudo começar a parecer interessante eu não vou nunca conseguir focar em nada, e é preciso foco para fazer o dinheiro aparecer na minha conta. Minha mãe uma vez disse ao meu irmão “você precisa ser um pessoa interessada para ser alguém na vida”e ele completou “interessada ou interesseira né” eu achei o máximo. Mas é que eu com esse meu interesse tão puro e até meio bobo por tudo começo a achar que todos os assuntos se relacionam (seria o meu interesse por tudo minha passagem para a loucura?) e perceber que tudo está relacionado é motivante, mas também muito difícil de explicar...

Eu perguntei para a menina que trabalha comigo “você sente que você está cheia de idéias mas que não consegue arrumar um jeito de expressá-las de forma que você consiga trabalhar com isso?” escutei um grande suspiro misturado com uma risada seca e rápida “YES, I feel it like every day”. Se ela, que assim como eu é uma jardineira também sente isso, então esse sentimento é provavelmente mais comum do que eu imaginava...Se ele é comum entre duas jardineiras que dirá os artistas que convivem com a obrigação da expressão que por muitas vezes não devem saber como fazê-la.

Fica claro para mim que essa expressão precisa do tal do foco que eu disse lá em cima, talvez ela tenha que sair em partes na primeira vez...e é preciso pensar em como criar a nossa oportunidade de expressão. Isso porque obviamente nenhum de nós tem um tio rico que te garanta um emprego em sua multinacional (álias esse papo de multinacional nunca foi tão chato) e também não conhecemos nenhum editor de revista super interessado na gente e na nossa capacidade produtiva...

Quando eu começo a pensar em assuntos como esse, e tento me organizar e passo por um processo mental que vou tentar expor aqui (por que esse é o meu blog e é isso que eu faço aqui, me exponho).


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Entrevista mental organizacional com uma entrevistadora que mora no meu consciente:

- (entrevistadora) Se você pudesse trabalhar com qualquer coisa, o que você faria? (E que fique claro que você precisa do dinheiro vindo desse trabalho).

- (eu) Eu daria palestras.

- Palestras?

- É.

- Sobre?

- (pensa muito, pensa muito e diz) Como as coisas se relacionam...

- Hmm (teve que esperar muito a resposta e já está quase sem paciência de escutar)

- Mas eu sei que eu preciso ter algum crédito para começar a dar essas palestras..talvez eu tenha que escrever um livro primeiro e depois dar as palestras...sabe?

- (com um fio de atenção reconectado) ahh legal, um livro? Um livro sobre o quê?

- Bom o livro teria o mesmo assunto da palestra, que como eu já te disse seria sobre como as coisas estão relacionadas... (continue escutando, continue escutando) o aquecimento global por exemplo, (aiii não, eu não queria ter começado exatamente com esse assunto, merda será que ela escutou?)

- o que tem o aquecimento global? ( o rosto dela vira uma interrogação)

- (merda, ela escutou vou ter que falar) então, o aquecimento global...qual é o ponto de saber se ele existe mesmo ou não? A resposta serve para a economia, para a política, mas não para a gente, para o nosso dia-a-dia... o fato de que devemos respeitar o meio ambiente é verdadeiro com ou sem as precisas mensurações de quanto que as ações humanas estão interferindo no clima do planeta. A gente está interferindo no planeta somente pelo fato de estarmos aqui, não é preciso modelos estatísticos para isso ... e assim vai o desenrolar do assunto entende? É mais ou menos isso entrevistadora, eu quero pensar, abordar os mesmos velhos assuntos de sempre de outro jeito, do meu jeito, esse jeito que eu penso que faz a gente se sentir melhor, mais livre... e eu quero falar com gente, eu quero falar direto para as pessoas, eu quero falar de meio ambiente e vida, da forma como você enxerga e sente ele, e como a forma que você se sente faz diferença para o funcionamento do mundo. Eu não quero ter que ter opiniões que se encaixem em um modelo econômico ou em um discurso de um presidente. É por isso que, apesar de eu funcionar muito bem com prazos e chefes e tudo mais, eu acredito que eu tenha que criar a minha própria oportunidade, a oportunidade de falar. A oportunidade de desenvolver, de desenrolar.

- sabe menina, quando eu comecei a trabalhar me disseram: “você é jovem, bonita e inteligente... e você sabe que isso pode ser um problema para você aqui. Você tem que reunir suas qualidades, qualidades que combinem entre si. Você tem que achá-las para não ir se perdendo mais e mais.

- pois é, tem isso também...a gente pode tentar tão arduamente para no fim acabar conseguindo... e conseguido não saber mais como lidar com as pessoas que sobraram do seu lado.

- é...... você pode conseguir o grande objetivo da sua mente, mas não vai ser do jeito que você imagina quando você chegar lá. Por mais que a gente imagine nunca é.

- e se a gente ao invés de opiniões tão polêmicas se atesse somente aos pequenos detalhes, se a gente passasse pequenas histórias pela frente...

- que tipo de histórias?

- ah tipo histórias de amor, que todo mundo vezemquando procura ler, ou mesmo de famílias, a minha tem cada história que é uma loucura...histórias do mundo, de jeitos... sei lá eu estou morando com uma menina que está em pleno ramadã, eu trabalho com outra que se você fizesse a ela essa mesma pergunta que você me fez a: “se você pudesse trabalhar com qualquer coisa o que você faria?”ela responderia : “eu gostaria de embrulhar presentes”. Sabe esses detalhes sobre as pessoas que se eu tivesse a oportunidade de fazer um filme alternativo eles por si só já seriam uma expressão?...uma raquete elétrica de matar mosquitos.

- é isso pode funcionar...eu te vejo fazendo isso, eu te vejo o tempo todo observando esse tipo de coisa.

- pois é, mas daí seria bom fazer um curso de escritura, não?

- talvez...é seria uma boa.

- mas eu já tô enjoada de curso sabe? Me formando agora..seis anos de faculdade que meu pai do céu não sei como já acabaram... e outra, não quero ser daquelas pessoas que emendam um curso no outro e acabam nunca aplicando nada que aprenderam sabe?

- é eu acho que você está corretíssima em pensar assim.

- Então talvez seja a hora de marcar as entrevistas com as “pessoas importantes”, enviar os e-mails, sentar a bunda e escrever as propostas...

- é talvez seja a hora do trabalho intelectual...

- é talvez seja, alguma ajuda?

- se for impossível arranjar o foco vá pelo caminho do surrealismo.

- ou da vida como ela é.


E vem sendo assim, sem nenhuma conclusão salvadora.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Insight sobre a educação

Education doesn’t make you happy and nor does freedom.

We don’t become happy just because we are free, if we are, or because we’ve been educated if we have, but because education may be the means by which we realize we are happy. It opens our eyes, our ears, tell us where delights are lurking, convinces us that there is only one freedom of any importance whatsoever that over the mind and gives us the assurance, the confidence, to walk the path our mind…our educated mind offers

Iris Murdoch

domingo, 13 de setembro de 2009

até mesmo se eu quisesse muito eu ainda assim não poderia viver a sua vida... e eu não quero.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

So far, NY

Para ver as coisas e admira-las enquanto elas acontecem...

Pegar o trem para Nova Iorque. Conhecer os novos artistas, os artistas tao relevantes de Nova Iorque. Comer o melhor pedaco de pizza da cidade em qualquer uma das centenas de pizzarias da cidade. Pomegranate, o suco antioxidante. Dancar no parque, no central park,o hotspot com a mais alta diversidade do mundo. Comer sushis com ingredientes impronunciaveis em restaurantes onde foram feitos filmes com a Meryl Streep.

Ganhar dolares por hora e comprar passagens de aviao com eles. Ir a festivais da primavera e a festivais de verao. Dizer que se e do Brasil e ter uma especie de orgulho com a reacao das pessoas. Visitar exposicoes de flores. Andar no meio de dezenas de vaga-lumes na escuridao assustadora do jardim. Plantar arvores. Cortar arvores. Concertos de folk music aos domingos debaixo da beech tree. Concertos de musica classica na sala do piano. Agua perrier.A lingua inglesa, o jeito de falar dos americanos. O cuidado com os deficientes fisicos. A oportunidade de ir morar no middle east. Ter sonhos durante a noite com o Brasil e acordar em Long Island. Sentir saudade dos amigos e da familia como nunca tinha sentido antes. Receber minha mae e meu irmao, e sentir que nossa uniao e cada vez mais solida e sem julgamentos. Estar completamente sozinha. Ler a biblia e Fernando Pessoa. Organizar, encher o peito de expectativas. Escutar musica trinta horas por dia. Distribuir musica brasileira pelas pessoas.Ter uma grande desilusao amorosa, a maior de todas. De fato, viver intensamente um dia apos o outro, sem apressar ou alongar o tempo, sem muletas, com as proprias pernas.