terça-feira, 8 de junho de 2010

a piada do lençol que abraça

As pessoas que podem usufruir de muito conforto afirmam que quem experimenta certos tipos de luxo fica mais exigente e não se contenta mais com outras coisas.

Para essas pessoas o luxo passa a figurar entre as necessidades básicas do dia-a-dia. Uma ex-modelo afirmou: "virou mania,só visto a minha cama com lençol que abraça e fronha que faz cafuné. E não é uma questão de frescura é só um mimo que faço a mim mesma".

O lençol que abraça e a fronha que faz cafuné são a expressão mais óbvia dos sentimentos coisificados em mercadorias de luxo.

Em tempos de individualismo, contatos mais virtuais e menos reais e a consequente ruptura dos laços interpessoais, quem pode acaba pagando muito caro para abraçar um lençol.

Do livro de valquíria Padilha, Shopping Center a catedral das mercadorias.

sábado, 5 de junho de 2010

a história das rugas

Olhou-se no espelho. Observou bem. Fazia tempo que não se percebia assim. Viu que na pele algumas marcas da idade não se desfaziam mais com os movimentos.

A idade estava ficando ali, estampada.

Por um momento se sentiu menos bonita. Pensou nas novas técnicas: uma injeção de algum líquido milagroso que poderia ser financiado em 10X no cartão de crédito seria capaz de resolver o problema.

Mas pensando bem isso não era muito de seu feitio. Ela, que até então teria dado tanto valor às coisas orgânicas. Aos frutos orgânicos, aos relacionamentos orgânicos, às culturas orgânicas.

Nessa inércia de movimentar os músculos do rosto na frente do espelho, se deu conta de que suas rugas marcavam o movimento de seu sorriso.Não eram rugas que marcavam seus momentos de raiva, nem de preocupação...

Suas rugas estampavam a alegria que tinha tido.

E sorriu ainda mais, e se entendeu bonita.

A ingenuidade e o egoísmo

nós deturpamos o ingênuo e o egoísta quando damos a eles conotações negativas.

existem milhares de situações nas quais a melhor coisa a se fazer é ser ingênuo e outras tantas em que o melhor é ser egoísta.

ingenuidade e egoísmo podem ser vacinas contra a realidade.

Contra essa realidade única que querem que a gente engula,

mesmo quando é mais que sabido que podemos reinventar nossa realidade a qualquer instante.

ao infinito

Eu sei que acontecem muitos desvios nas comunicações,
Mas o que quero falar é claro, transparente e dá até pra beber.


Quero lhes dizer das coisas mais simples, sim aquele tipo de coisa simples que transcende.

E o que transcende é o motivo de estarmos aqui.

E é também o motivo de termos nos encontrado

A gente se achou numa época de muita expectativa.

Expectativas maravilhosas sobre a vida e sobre como ela deveria ser vivida, intensamente.

Quando nos reencontramos é como se eu reencontrasse também todas aquelas expectativas dentro de mim.

A gente muda eu sei, e estamos distantes também, é por isso que eu me esforço para que a comunicação seja clara, direta, cristalina, pura.

Eu amo vocês pelo que vocês são, não somente pelo que vocês me proporcionam.

Esses dias tive que fazer um exercício: eu tinha que me imaginar em um lugar onde pudesse pensar sobre a vida (me imaginei em algum lugar dos Andes), eu tinha que estar lá nesse lugar lendo um livro, grande e grosso.

Esse livro era o livro da minha vida.

Eu me emocionei com a imensa gratidão que sinto por tudo que já me aconteceu até aqui.

Dessa gratidão vocês têm parte.

Hoje estou paranoiando nas minhas ideias sobre o mundo, e aprendendo como ser uma aprendiz menos ansiosa.

Esse estágio sublime é melhor que qualquer coisa que aconteça. E ele só acontece quando a poção da gratidão entra na veia sem vergonha de se expressar.

E quando eu não tenho vergonha eu sou eu dentro do meu conhecimento máximo.